terça-feira, março 21, 2023
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Vacina russa contra Covid-19 não tem respaldo da comunidade científica

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que o país registrou a primeira vacina contra covid-19 e repetiu que a imunização em massa da população começa em outubro. Mas a suposta eficácia do medicamento desperta preocupações na Organização Mundial de Saúde e não encontra respaldo dentro da comunidade científica.

Batizada de Sputnik V, em homenagem ao primeiro satélite artificial a orbitar em volta da Terra — um feito da então União Soviética no auge da Guerra Fria —, a vacina já teria interessados em pelo menos 20 países, inclusive no Brasil.

Além de não ter concluído ainda todas as etapas da pesquisa, a Rússia não divulgou qualquer evidência científica que confirme a eficácia e a segurança da vacina.

Aliás, o país não publicou nenhum estudo detalhado sobre as outras etapas do processo até aqui.

Os resultados das fases 1 e 2 dos estudos clínicos da vacina de Oxford, por exemplo, foram divulgados no periódico The Lancet no fim de julho.

Algumas semanas antes, os detalhes sobre a fase 1 da vacina desenvolvida pela empresa de biotecnologia Moderna foram publicados no The New England Journal of Medicine.

A falta de transparência da pesquisa russa suscitou uma série de críticas da comunidade científica.Uma delas veio do principal especialista do governo dos Estados Unidos para doenças infecciosas, Anthony Fauci, que questionou os métodos usados pelo país em uma audiência no Congresso americano.

“Nós também poderíamos ter uma vacina amanhã. Não seria segura ou eficaz, mas poderíamos ter uma vacina amanhã”, disse.

Parte dos testes clínicos foi realizada no hospital militar Burdenko, com voluntários das Forças Armadas, o que gerou um receio de que alguns pudessem ter sido pressionados a participar da pesquisa.

Eles tiveram início no dia 17 de junho e reuniram, no total, 76 participantes. As informações fornecidas pela própria pesquisa no portal da OMS falam de 180 dias de avaliação — e, no entanto, a vacina foi registrada em menos de dois meses após o começo dos testes clínicos.

Especialistas temem que o processo tenha sido apressado diante de um desejo do Kremlin de “chegar primeiro” no que tem se desenhado como uma corrida internacional por uma vacina contra a covid-19.

Em julho, Reino Unido, Canadá e EUA acusaram hackers russos de tentarem roubar informações sobre estudos em curso para o desenvolvimento da vacina. O porta-voz do Kremlin negou as acusações na época.

Entre as 165 vacinas em desenvolvimento listadas pela OMS, seis estão na fase 3 de testes clínicos, a última de um longo processo que envolve testes pré-clínicos e testes em humanos.

A vacina russa não é uma delas — acaba de concluir a fase 2.

No dia 4 de agosto, um dos porta-vozes da Organização Mundial da Saúde, Christian Lindmeier, ressaltou que a organização recomenda que todas as etapas de testes sejam concluídas antes que qualquer vacina seja oferecida à população.

“Há uma grande diferença entre descobrir ou ter uma pista e possuir de fato uma vacina que funcione e tenha passado por todas as fases (de testes)”, afirmou.

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