Com dois projetos de legalização prestes a serem votados na Câmara dos Deputados, os democratas discutem o plano de reforma imigratória abrangente proposto por Joe Biden. Apesar de uma pressão interna para avançar logo, a expectativa é que o plano chegue ao Comitê Judiciário, em abril.
Ainda sem votos suficientes para uma aprovação na Câmara, líderes do partido terão de debater temas sensíveis do pacote, o que levará um tempo até que se alcance um consenso.
Questões como a obrigatoriedade ou não do sistema “E-Verify”, cuja ferramenta permite checar o status imigratório do empregado, além de alguns ajustes para garantir que o projeto não desqualifique as pessoas para a cidadania por causa de pequenas infrações em seus antecedentes criminais, são alguns dos pontos a serem negociados no plano.
O presidente do Comitê Judiciário da Câmara, Jerry Nadler (D-N.Y.), confirmou o caminho a seguir, chamando a proposta de Biden de “importante e séria”.
“Precisamos nos envolver em algumas consultas com membros-chave e partes interessadas, mas não vejo razão para não marcar isso quando nos reunirmos novamente em abril”, disse Nadler em um comunicado ao site “Politico”.

A proposta de Biden é uma prioridade para os progressistas e para o caucus hispânico, que dizem que é fundamental tomar medidas nos primeiros meses de seu mandato. Mas os líderes democratas nunca iriam apresentar um projeto de lei que fracassaria – colocando-os na corda bamba, enquanto tentam manter todas as alas de seus diversos caucus em harmonia, para uma abordagem realista de uma das questões mais espinhosas da agenda do atual governo.
A deputada Pramila Jayapal (D-Wash.), que lidera o Congressional Progressive Caucus, reconheceu que é difícil votar o projeto neste momento por causa do cronograma, mas prometeu que “ao mesmo tempo, estamos pressionando muito para dar ímpeto ao plano de Biden”.
O grupo liderado pelas representantes da Califórnia: Linda Sánchez, Judy Chu e Zoe Lofgren vem trabalhando para acelerar o processo de votação. Mas não está claro se ou quando o projeto de lei de Biden será aprovado após passar pelo Comitê Judiciário, no mês que vem.
No entanto, vários democratas seguem projetando a possibilidade de que a proposta chegue ao plenário ainda em março.
Enquanto a reforma ampla não chega, a Câmara deve apreciar duas propostas de imigração mais populares, semana que vem – uma para legalizar os Dreamers e outra para reformar o sistema para trabalhadores rurais. Ambos contam com apoio bipartidário.
Um funcionário da Casa Branca disse que o governo está em “contato regular” com legisladores sobre a reforma da imigração e continuará a realizar “briefings” sobre as prioridades do governo enquanto o Congresso considera as outras propostas.
O maior medo para muitos progressistas, no entanto, é o que pode acontecer com o projeto de lei para conquistar os centristas do partido, seja na Câmara ou quando o projeto for encaminhado para o Senado.
O temor é que a proposta seja diluída e não atinja a maior parte contida daquela introduzida na Câmara, no mês passado.